Shana Müller: "Incrível perceber que, em pleno 2014, muita gente viva parada nos tempos da Revolução Farroupilha"
É impressionante como a "Copa do
Mundo " nos desperta emoções, até então não questionadas por nós, a
poucos dias a Cantora Shana Müller se envolveu em uma polêmica , que a meu ver
era desnecessária , devido a publicação de uma foto sua rede sociais; Foto, aliás, tirada no palco da Fiesta do
Chamamé em Corrientes, onde há sete anos representa o seu país. Bairristas e
separatistas de todos os lados se puseram a comentar a imagem e a criticar sua
atitude patriota.
"Fiquei, de
certa maneira, assustada e, logo em seguida, percebi o quão comum eram tais
posturas. Um disse que queimou meus discos porque não passo de uma Braúcha,
outro mandou que eu não cantasse mais as músicas rio-grandenses, e teve até
quem me dissesse para ir embora do Rio Grande, já que eu sou uma caramuru. Deu
vontade de rir e confesso que ri mesmo. Já passei da fase de dar bola para
essas críticas da internet, onde todos têm poder e poucos se responsabilizam
pelo que dizem. Tais publicações e comentários têm servido de inspiração a
algumas reflexões. Incrível perceber que, em pleno 2014, muita gente viva
parada nos tempos da Revolução Farroupilha. Lamentável ver que ainda tenhamos,
enquanto artistas, que responder ao policiamento dos que se creem mais gaúchos
e donos do Rio Grande do Sul.
Com muito orgulho, levanto a bandeira
do meu país, o Brasil, e repudio toda manifestação que nos negue como um estado
desta Federação. O povo do Rio Grande defendeu as fronteiras e peleou, sempre,
por seus direitos e pelo respeito. Isso não nos faz melhores nem piores que
ninguém. O que dá vergonha é entender que atitudes como essas cada vez mais nos
ridicularizam perante outros estados tão bonitos e ricos culturalmente como o
nosso. Nos distanciam e nos excluem!" firma a Cantora e apresentadora do Galpão
Crioulo.
O
presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito
Carlos Savaris, manifestou apoio a cantora, o líder da maior entidade
tradicionalista do Estado disse que torce para o Brasil na Copa do Mundo, e que
isso não interfere no seu amor pelo Rio Grande do Sul. "Somos bairristas,
nativistas e patriotas. Uma coisa não invalida a outra. Amamos a nossa terra
como se um país fosse, assim como os cariocas, baianos e pernambucanos devem
amar os estados deles, mas somos patriotas acima de tudo — afirma Savaris.
Segundo ele, o MTG apoia o patriotismo e têm nos protocolos de todas as suas
cerimônias oficiais a abertura com o hino nacional, assim como o encerramento
com o hino rio-grandense."
O fato de estarmos situados bem ao sul
do país deixa claro aos brasileiros que somos diferentes no modo de viver, na
paisagem, no clima, mas somos o elo da nossa pátria com a América Latina.
Talvez a culpa de tanto distanciamento e de uma suposta "exclusão"
cultural seja nossa mesmo, de gente que pensa tão pequeno e está parada no
século passado.
Síntese da entrevista: Jornal Zero Hora
Foto: facebook Shana Müller
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