Um misto de sentimentos como medo, apreensão e dúvidas. Assim foram os últimos dias de uma família que vive na localidade de Rincão dos Teixeiras, distante 15 quilômetros do centro de São Sepé. Um menino de 2 anos e 10 meses protagonizou impressionantes 16 horas e 40 minutos longe do afago familiar, de sexta-feira a sábado, quando chovia torrencialmente no rincão. Os pais, um pedreiro de 34 anos, e a mãe, uma dona de casa de 35 anos, já tinham perdido as esperanças de encontrar o filho com vida, uma vez que a criança sumiu em meio ao temporal, e próximo à casa da chácara onde vivem há um córrego que alaga rapidamente em dias de enxurrada.
A suspeita dos familiares era que o menino tivesse se afogado. Isso não ocorreu. No entanto, a felicidade de encontrar o pequeno com vidanão pôs fim à preocupação. A Polícia Civil investiga o desaparecimento da criança – que sumiu às 16h de sexta-feira e foi encontrada às 8h40min de sábado –, que surgiu no meio do mato, rodeado por pedras, a cerca de 200 metros da propriedade rural da família que planta mandioca e feijão. O local, por mais ermo que seja, havia sido verificado por 30 pessoas do rincão que procuravam pelo menino. Ciente de que ele não estava no local na tarde e na noite anteriores naquele pedaço de mato, o pai ficou intrigado com o que poderia ter acontecido com seu filho.
– A incerteza é pior que a dor da morte. O que vale, fora todo o fato, é que ele está vivo. Mas, pense bem: ninguém passaria mais de 10 horas numa chuva dessas. Ele contou à psicóloga do hospital que um “titio” o levou para algum lugar – diz o pai, que ainda tem outros três filhos, um deles portador de Síndrome de Down.
No local onde o menino teria passado a noite, ele teria sofrido agressões. Uma prova da violência que a criança sofreu é um roxo na testa. O menino teria dito que onde ele ficou haveria muitas mulheres e que alguém teria dado tapas no rosto dele. Além disso, quem teria pego a indefesa criança colocou suas mãos e pés em um balde com gelo. O motivo da suposta crueldade intriga a família e a polícia.
– Iremos ouvir as testemunhas do fato. Vamos ver se ele (menino) fala alguma coisa. Se comprovar isso (que ele foi levado a um lugar e foi agredido) configura lesão corporal – explica o delegado Edson Reis, da DP de São Sepé.
A mãe do pequeno, por sua vez, aguarda a investigação da polícia e comemora o “renascimento” de seu terceiro filho.
– Estava tão desesperada que não acreditava mais que ele estivesse com vida. Quando disseram que encontraram ele, não sabia o que fazer – revela, com ar de alívio.
lucio.charao@diariosm.com.br
LÚCIO CHARÃO
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